Esta segunda-feira (2) foi marcada por um novo capítulo na política de Santo Ângelo. Durante participação no programa Pinga Fogo, o vereador Márcio Antunes (MDB) anunciou oficialmente sua saída da base aliada do governo municipal. A decisão, segundo o próprio parlamentar, foi motivada por “incompatibilidades insanáveis” com a atual administração — e teve como estopim a retirada de um quebra-molas na Avenida Salgado Filho, na zona norte da cidade, local conhecido pelo histórico de acidentes graves, inclusive fatais.
“Não há mais condições de permanecer na base de situação”, declarou Antunes ao vivo, em tom firme e visivelmente indignado. Ele criticou duramente a retirada da lombada, classificada como “um ato de desrespeito à vida e à segurança da população”.
Um atrito que vinha se formando
A decisão de Antunes, embora surpreendente para alguns, não ocorreu de forma repentina. Nos últimos meses, o vereador já vinha adotando uma postura cada vez mais crítica e independente, mesmo ainda integrando oficialmente a bancada do governo. Em sessões da Câmara, suas falas tornaram-se gradualmente mais duras, principalmente em relação à condução de temas como mobilidade urbana, saúde e segurança viária.
A gota d’água teria vindo no último domingo (1), quando o Portal Rádio Cidade Santo Ângelo publicou uma matéria repercutindo a retirada da lombada — uma intervenção promovida pela prefeitura que, segundo moradores da região norte, aumentou o risco de novos acidentes em um trecho já conhecido pela periculosidade.
Repercussão na cidade
Moradores da Avenida Salgado Filho afirmam que não foram consultados ou sequer informados sobre a decisão da retirada. “Aquilo ali salvava vidas. Desde que colocaram o quebra-molas, os acidentes diminuíram muito. Agora estamos com medo de novo”, disse Cláudia Rodrigues, 52, comerciante da região, à reportagem.
A reação da comunidade, somada à crítica pública do vereador, acentuou uma tensão que já circulava nos bastidores da política municipal: a fragilidade da base governista, especialmente em um ano pré-eleitoral.
O impacto político
A saída de Márcio Antunes da base do governo pode ser mais do que uma simples mudança de posicionamento individual. Com a ruptura, o equilíbrio entre situação e oposição na Câmara de Vereadores pode se alterar significativamente. Antunes vinha sendo uma voz influente na base, com histórico de votação favorável a projetos do Executivo — ainda que com ressalvas. Sua nova postura promete intensificar o debate, principalmente em temas polêmicos que dividem opiniões.
“O gesto do vereador é um indicativo de que a coesão da base governista não está garantida. E isso pode ter efeitos reais na tramitação de projetos e na governabilidade”.
Fontes ligadas ao governo municipal afirmam, nos bastidores, que a decisão de Antunes foi recebida com “surpresa e frustração”, mas evitam comentar oficialmente sobre possíveis represálias ou tentativas de reconciliação.
Um novo ciclo
Em entrevista o vereador reafirmou que sua atuação, a partir de agora, será marcada pela independência e “foco na fiscalização”. Ele também destacou que continuará dialogando com todos os setores da sociedade e que seu compromisso é “com a população, não com cargos ou conveniências partidárias”.
Márcio Antunes foi eleito em 2024 com uma expressiva votação, apoiado por setores populares. Sua imagem de político combativo e direto ganhou força nos últimos tempos — e sua nova postura pode repercutir fortemente nas urnas em 2026.
Conclusão
A decisão do vereador Márcio Antunes evidencia um momento de ebulição política em Santo Ângelo. Mais do que uma divergência pontual sobre uma obra viária, o episódio revela fissuras mais profundas na relação entre Executivo e Legislativo, em um cenário que promete novos embates, realinhamentos e possíveis reposicionamentos de forças nas próximas semanas.
Enquanto isso, a população observa atentamente, dividida entre o temor pelo aumento dos riscos na Avenida Salgado Filho e a esperança de que a política local retome o foco no interesse coletivo.
RADIOCIDADESA