Em mais um duro golpe contra o crime organizado no país, a Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira (4) a Operação Countless, voltada para desarticular um esquema de lavagem de dinheiro que operava em âmbito nacional, com ramificações em ao menos cinco estados brasileiros. A ofensiva contou com apoio da Brigada Militar e foi marcada por uma série de ações coordenadas, incluindo sete mandados de prisão preventiva e 39 de busca e apreensão, além do bloqueio de bens e valores que podem ultrapassar R$ 82 milhões.
A operação teve desdobramentos em municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Goiás, revelando o alcance interestadual da organização criminosa. Um dos mandados foi cumprido no município de Santo Ângelo, no noroeste gaúcho, onde a PF realizou buscas em endereços ligados aos investigados.
Esquema sofisticado de lavagem
Segundo as investigações, grupos criminosos sediados no Rio Grande do Sul estavam utilizando empresas de fachada e operadores financeiros especializados para movimentar altas somas de dinheiro provenientes do tráfico de drogas. A estratégia envolvia a simulação de transações comerciais e o uso de “laranjas” — pessoas próximas aos integrantes da organização — para inserir os recursos no sistema financeiro formal, dando aparência lícita ao dinheiro sujo.
De acordo com nota oficial da PF, o objetivo da operação é neutralizar o avanço dessas estruturas criminosas, desmantelar as redes de apoio logístico e financeiro e identificar os responsáveis pelas etapas mais sofisticadas do processo de lavagem. “Trata-se de uma organização complexa, com núcleos bem definidos e estratégias claras para evitar a detecção por parte das autoridades”, afirma um dos delegados envolvidos na investigação.
Sigilo e impacto
Até o momento, os nomes dos investigados e os detalhes das apreensões não foram divulgados, uma vez que as diligências seguem sob sigilo judicial. A expectativa, no entanto, é que a operação represente um marco no enfrentamento às organizações criminosas que atuam de forma integrada no tráfico e na lavagem de capitais.
A Countless demonstra um novo perfil das facções criminosas brasileiras, que cada vez mais investem em mecanismos financeiros elaborados para blindar os lucros obtidos com o tráfico e infiltrar recursos em setores da economia real.
Contexto nacional
A Operação Countless soma-se a outras grandes ações realizadas nos últimos anos no combate à lavagem de dinheiro, prática que representa um dos principais sustentáculos do crime organizado. A cada ano, bilhões de reais oriundos de atividades ilícitas são “limpos” por meio de fraudes contábeis, empresas fictícias, comércio informal e até investimentos em setores como o agronegócio e o mercado imobiliário.
De acordo com levantamento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), somente em 2024 foram reportadas mais de 19 mil operações suspeitas de lavagem de dinheiro no país, número que demonstra a urgência e a complexidade do problema.
Desdobramentos esperados
Com os bens bloqueados e a investigação em andamento, a expectativa da Polícia Federal é de que a Countless leve à prisão dos principais operadores financeiros da quadrilha e à reversão dos valores desviados. O processo também deve abrir caminho para novas frentes investigativas que possam alcançar a cúpula do esquema.
Enquanto isso, moradores de Santo Ângelo e de outras cidades-alvo da operação acompanham atentos os desdobramentos, cientes de que o combate ao crime organizado exige ações firmes e coordenadas entre diferentes esferas de segurança pública.
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