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Mobilização de agricultores da região das Missões promete ser uma das maiores já realizadas no estado; protesto cobra do governo federal medidas urgentes para reestruturação de dívidas do campo
Um dos maiores tratoraços já registrados no Rio Grande do Sul está previsto para acontecer na próxima segunda-feira, dia 16 de junho, em Santo Ângelo, na região das Missões. A manifestação deverá reunir cerca de 300 máquinas agrícolas no centro da cidade e envolverá produtores rurais de diversos municípios da região, que reivindicam a securitização das dívidas agrícolas.
A mobilização tem como principal objetivo pressionar o governo federal a adotar políticas de renegociação e prorrogação das dívidas contraídas pelos agricultores, muitos deles afetados por anos consecutivos de estiagem, queda de preços e elevação de custos de produção.
Mobilização regional
De acordo com os organizadores do protesto, grupos de agricultores partirão de diferentes pontos da região. Em São Miguel das Missões, a saída está marcada para as 8h da manhã, com destino ao trevo de Entre-Ijuís, onde se encontrarão com outras comitivas, especialmente no entorno do Posto Pizolotto.
Outro grupo importante virá de Guarani das Missões, com ponto de partida no trevo da Buriti com a ERS-344, unindo-se a produtores de Santo Ângelo e demais localidades.
A previsão é de que todos os participantes se concentrem por volta das 10h da manhã na chamada Esquina Democrática, em frente à agência do Banco do Brasil, no centro de Santo Ângelo. O ato contará ainda com bloqueio simbólico das agências bancárias da cidade, em protesto contra o que os agricultores consideram inércia do sistema financeiro diante da crise rural.
Permanência por três dias e impacto no centro da cidade
Segundo representantes do movimento, as máquinas devem permanecer estacionadas por cerca de três dias na área central da cidade, chamando a atenção da população e das autoridades para a gravidade da situação. “Não estamos nos recusando a pagar. Queremos apenas condições reais de pagar. Lutamos por uma securitização que permita prazos e juros compatíveis com nossa realidade no campo”, explicou uma das lideranças envolvidas no protesto.
O que é a securitização?
A securitização de dívidas agrícolas é uma política que transforma dívidas vencidas ou a vencer em novos contratos de longo prazo, com juros subsidiados e condições facilitadas. Medidas semelhantes já foram adotadas em momentos anteriores de crise, como na década de 1990, permitindo que milhares de produtores mantivessem suas atividades e evitassem o colapso econômico em regiões agrícolas.
No entanto, até o momento, o governo federal não sinalizou uma proposta efetiva para um novo programa de securitização, o que motivou a indignação crescente do setor produtivo. Com o alto endividamento e a escassez de crédito, muitos agricultores alegam estar à beira da insolvência.
Apoio da comunidade e expectativa
Os organizadores pedem compreensão da população urbana de Santo Ângelo, que poderá enfrentar transtornos no trânsito e no funcionamento de serviços bancários nos próximos dias. “É uma luta de todos. Se o campo parar, a cidade também sofre. Pedimos apoio e solidariedade para mostrar ao país que precisamos de políticas sérias para o agronegócio familiar”, reforça o manifesto do movimento.
A manifestação contará com apoio de sindicatos rurais, associações de produtores e lideranças políticas da região. A expectativa é que o movimento possa ecoar em Brasília e pressionar os ministérios da Agricultura e da Fazenda a apresentarem medidas concretas para aliviar a crise no campo.
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